Greve mantém-se na <em>Valorsul</em>
Algumas horas depois da PSP e GNR terem forçado o acesso dos camiões de lixo à central de incineração, em S. João da Talha, e ao aterro sanitário, no Mato da Cruz, os trabalhadores da Valorsul decidiram, em plenário, prosseguir a luta.
A empresa quer reduzir custos cortando direitos e salários
«Isto é um autêntico estado de sítio», protestou Delfim Mendes. Em declarações ao Avante!, o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Química, Farmacêutica, Petróleo e Gás do Centro, Sul e Ilhas salientou que as forças policiais não se limitaram a intervir para apoiar as posições da administração da empresa. «Temos a Polícia a impor a substituição de trabalhadores em greve por funcionários de empresa de segurança, e temos a Polícia a dar ordens aos trabalhadores, a substituir-se aos órgãos de gestão e às hierarquias da Valorsul», afirmou o dirigente do Sinquifa/CGTP-IN, focando sobretudo a situação criada na central de S. João da Talha, onde a PSP mantém efectivos desde terça-feira à tarde. Delfim Mendes questiona se «foi isto que o Governo decretou» e alerta para o facto de a presença policial agravar a tensão inerente a uma situação de greve. «Ainda há bocado, um dos polícias pôs-se a brincar com o cassetete, o que levou logo um dos trabalhadores a perguntar se estavam já a querer começar a bater», contou o dirigente.
No aterro sanitário do Mato da Cruz, para onde está a ser conduzido todo o lixo que, desde o início da noite de terça-feira, já não pode ser aceite em S. João da Talha, o alerta do Sinquifa tem a ver com os problemas de saúde pública que a decisão da administração e dos municípios pode estar a criar. «Mostram-se muito preocupados com o facto de o lixo poder acumular-se nos pontos de recolha, mas decidem depositar no aterro resíduos para os quais o aterro não está preparado, sem se preocuparem com os problemas de saúde pública que isso vai criar às populações que vivem nas redondezas», criticou Delfim Mendes.
Unidos por objectivos justos
A greve na Valorsul, iniciada às zero horas de terça-feira com uma adesão que o sindicato situou nos cem por cento, visa: contestar a intenção da administração de retirar direitos do Acordo de Empresa em vigor; reclamar aumentos salariais justos; exigir o cumprimento rigoroso do AE e do Regulamento de Turnos e a revogação da ordem de serviço que veio impor a redução do número de trabalhadores por turno, aumentando o risco de acidentes; reivindicar medidas concretas e urgentes de prevenção de acidentes e protecção da saúde dos trabalhadores; defender a admissão de mais pessoal, para reduzir a sobrecarga de trabalho e o excesso de trabalho suplementar. Por estes objectivos, os trabalhadores já tinham realizado cinco dias de greve, em Maio e em Setembro, sempre com elevados níveis de adesão.
Foram recusados os «serviços mínimos» decretados por despacho conjunto dos ministérios do Trabalho e do Ambiente, que já foi objecto de providência cautelar por parte dos trabalhadores. O referido despacho foi enviado ao sindicato na sexta-feira, quase às onze horas da noite, impedindo os representantes dos trabalhadores de reagirem no prazo legal de 24 horas, o que levou outro dirigente sindical, David Costa, a imputar responsabilidades políticas ao ministro Vieira da Silva. No piquete de greve, no aterro, também António Costa foi responsabilizado pelas manobras contra o direito à greve, seja como presidente da CM de Lisboa, accionista da Valorsul, seja pelas suas conhecidas ligações ao poder (até há alguns meses foi o «número 2» do Governo).
A greve de Setembro foi suspensa, após a administração ter manifestado abertura para negociar. Mas, em seguida, manteve as suas posições, o que levou os trabalhadores, em plenário, a 3 de Outubro, a convocarem a paralisação iniciada anteontem.
Os trabalhadores vão agora aguardar uma resposta da empresa às suas reivindicações. O sindicato, por seu turno, vai promover contactos com os accionistas, vai reclamar a intervenção urgente da Inspecção do Trabalho e vai denunciar o caso junto dos órgãos do poder.
Na nota em que exigiu a retirada imediata das forças policiais, o Sinquifa afirmou que «os trabalhadores estão conscientes de que estão a cumprir a lei e que quem está contra ela e a deveria fazer respeitar é o Governo e o Ministério do Trabalho», concluindo que «por isso, a luta vai continuar».
Com cerca de 260 trabalhadores, a Valorsul é a empresa responsável pelo tratamento de lixos dos concelhos de Lisboa, Amadora, Loures, Odivelas e Vila Franca de Xira.
No aterro sanitário do Mato da Cruz, para onde está a ser conduzido todo o lixo que, desde o início da noite de terça-feira, já não pode ser aceite em S. João da Talha, o alerta do Sinquifa tem a ver com os problemas de saúde pública que a decisão da administração e dos municípios pode estar a criar. «Mostram-se muito preocupados com o facto de o lixo poder acumular-se nos pontos de recolha, mas decidem depositar no aterro resíduos para os quais o aterro não está preparado, sem se preocuparem com os problemas de saúde pública que isso vai criar às populações que vivem nas redondezas», criticou Delfim Mendes.
Unidos por objectivos justos
A greve na Valorsul, iniciada às zero horas de terça-feira com uma adesão que o sindicato situou nos cem por cento, visa: contestar a intenção da administração de retirar direitos do Acordo de Empresa em vigor; reclamar aumentos salariais justos; exigir o cumprimento rigoroso do AE e do Regulamento de Turnos e a revogação da ordem de serviço que veio impor a redução do número de trabalhadores por turno, aumentando o risco de acidentes; reivindicar medidas concretas e urgentes de prevenção de acidentes e protecção da saúde dos trabalhadores; defender a admissão de mais pessoal, para reduzir a sobrecarga de trabalho e o excesso de trabalho suplementar. Por estes objectivos, os trabalhadores já tinham realizado cinco dias de greve, em Maio e em Setembro, sempre com elevados níveis de adesão.
Foram recusados os «serviços mínimos» decretados por despacho conjunto dos ministérios do Trabalho e do Ambiente, que já foi objecto de providência cautelar por parte dos trabalhadores. O referido despacho foi enviado ao sindicato na sexta-feira, quase às onze horas da noite, impedindo os representantes dos trabalhadores de reagirem no prazo legal de 24 horas, o que levou outro dirigente sindical, David Costa, a imputar responsabilidades políticas ao ministro Vieira da Silva. No piquete de greve, no aterro, também António Costa foi responsabilizado pelas manobras contra o direito à greve, seja como presidente da CM de Lisboa, accionista da Valorsul, seja pelas suas conhecidas ligações ao poder (até há alguns meses foi o «número 2» do Governo).
A greve de Setembro foi suspensa, após a administração ter manifestado abertura para negociar. Mas, em seguida, manteve as suas posições, o que levou os trabalhadores, em plenário, a 3 de Outubro, a convocarem a paralisação iniciada anteontem.
Os trabalhadores vão agora aguardar uma resposta da empresa às suas reivindicações. O sindicato, por seu turno, vai promover contactos com os accionistas, vai reclamar a intervenção urgente da Inspecção do Trabalho e vai denunciar o caso junto dos órgãos do poder.
Na nota em que exigiu a retirada imediata das forças policiais, o Sinquifa afirmou que «os trabalhadores estão conscientes de que estão a cumprir a lei e que quem está contra ela e a deveria fazer respeitar é o Governo e o Ministério do Trabalho», concluindo que «por isso, a luta vai continuar».
Com cerca de 260 trabalhadores, a Valorsul é a empresa responsável pelo tratamento de lixos dos concelhos de Lisboa, Amadora, Loures, Odivelas e Vila Franca de Xira.